Parece incrível, mas os anos 60 exercem um fascínio até sobre as gerações de hoje. Não é raro assistirmos a um show de música em que os artistas usam modelitos hippies e "ressuscitam" canções ou sons daquela época. Ou, ao folhearmos uma revista de moda atual, encontrarmos vestidos tubinhos, calças de boca larga, maiôs crochê, mochilas e sapatos inspirados nas cores valorizadas pelas tendências da moda daqueles anos.
Isso tudo talvez se explique pelo fato de os anos 60 serem identificados como a década da rebeldia, da revolução sexual e de costumes e, principalmente, da participação dos jovens na política e em todas as mudanças.
Chega de saudade, de Tom Jobim e Vinícius de Morais, e
Desafinado, de Tom Jobim e Newton Mendonça, interpretadas por João Gilberto, chegam às paradas de sucesso das rádios de quase todas as capitais brasileiras, dando origem à Bossa Nova, movimento musical que renovava o samba e embalava os sonhos da juventude da classe média com letras que falavam de amor e alegria.
Era uma época de botar fé no Brasil: em 1962, um filme nacional -
O pagador de promessas, de Anselmo Duarte -conquista a Palma de Ouro no festival de Cannes, na França; a Bossa Nova ganha fama internacional com
Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinícius de Morais; a televisão se populariza; o lançamento do Volks (o fusca) concretiza o velho sonho de fabricar um carro nacional; pela segunda vez, o Brasil é o campeão mundial mundial de futebol.
Em 1964, o presidente João Goulart é deposto pelos militares, dando início a um período político de exceção, que se estenderia até 1989, quando o povo brasileiro voltaria a escolher seu presidente pelo voto direto. Ainda em 1964, a UNE (União Nacional dos Estudantes) é fechada e, em 1968, em meio a grandes choques entre a polícia militar e os estudantes, que tentavam interferir nos rumos políticos do país, é decretado o Ato Institucional (AI-5), que dava ao presidente da República plenos poderes. Os meios de comunicação passam então a ser censurados, e muitas pessoas, acusadas de subversão, são presas, torturadas, exiladas ou mortas.
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