domingo, 31 de agosto de 2014

A Capital da Esperança


“Às 9.30 h do dia 21 de abril de 60, no Salão de Despachos do Palácio do Planalto, cercado por seus Ministros e Embaixadores Especiais, JK teve estas palavras curtas: Declaro inaugurada a cidade de Brasília, Capital dos Estados Unidos do Brasil! No mesmo instante, o Poder Legislativo e Judiciário confirmaram a inauguração do jovem Distrito Federal, que nasceu num dia de sol forte, e céu azul, a mais de 1.200 metros”. (Revista O Cruzeiro de 07 de maio de 1960)



No momento da inauguração, a cidade não estava totalmente concluída, mas já dispunha de condições mínimas para ser a sede do governo. Ainda havia muito a ser feito, poucos prédios estavam prontos, mas o ato marcou, simbolicamente, a transferência da capital.

Festas, com atividades para crianças e adultos, concerto de música, show pirotécnico, prova automobilística, regata, parada militar com desfile de candangos e máquinas, dentre outras comemorações, marcaram a inauguração de Brasília. Das cerimônias, apenas uma foi restrita, em recinto fechado, a inauguração do Tribunal Federal, as demais foram abertas ao público que se aglomerava na cidade. (Jornal Folha de São Paulo de 23 de abril de 1960)

Muitas foram às pessoas de diversas partes do Brasil que percorreram centenas de quilômetros, viajando em carros, caminhões ou ônibus, para participarem das comemorações. Aviões fretados também traziam parlamentares e suas famílias. Estima-se que mais de 200 mil pessoas participaram das solenidades, muitas delas dormiram em barracas, ou amontoadas em casas de conhecidos que trabalharam na construção.  A Novacap chegou a distribuir 20 mil colchões para que os moradores pudessem abrigar os visitantes. Dentre as pessoas que compareceram aos festejos, se destacou o cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira, único convidado do governo federal. (Jornal Folha de São Paulo de 21 de abril de 1960)

O início das comemorações ocorreu por volta das 23 horas e 30 minutos do dia 20 de abril, com missa campal celebrada pelo cardeal Cerejeira. O cardeal abençoou a cidade, que também recebeu mensagem, em português, do papa João XXIII, por intermédio da rede brasileira de rádio. No dia seguinte, mais comemorações, que se estenderam até o dia 23.

De acordo com Juscelino Kubitschek, a partir daquele momento, “Brasília se tornava a Capital Federal da pátria brasileira, centro das futuras decisões políticas, cidade da esperança, torre de comando da batalha pelo aproveitamento do deserto interior”. (Jornal Folha de São Paulo de 22 de abril de 1960)

Brasília, que se tornara o centro do governo brasileiro, causou surpresa nas pessoas que para lá rumaram, com o objetivo de acompanhar aquele momento histórico. A cidade era realmente única, respirava ares de modernidade, os brasileiros não estavam acostumados a ver edifícios tão grandiosos e diferentes, alguns arredondados, com formas curvas e outros que pareciam flutuar na água. A revista O Cruzeiro, em reportagem sobre as comemorações afirmou que: “Quase ninguém acredita no que vê. Os edifícios quase levitando, o ocaso reverberando nas paredes de vidro. No meio da confusão há silêncio, há majestade, há qualquer coisa desabrochando com dignidade de rosa. Brasília é o século XXI”. (Revista O Cruzeiro de 07 de maio de 1960)


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