“Às 9.30 h do dia 21 de abril de 60, no Salão de Despachos
do Palácio do Planalto, cercado por seus Ministros e Embaixadores Especiais, JK
teve estas palavras curtas: Declaro inaugurada a cidade de Brasília, Capital
dos Estados Unidos do Brasil! No mesmo instante, o Poder Legislativo e Judiciário
confirmaram a inauguração do jovem Distrito Federal, que nasceu num dia de sol
forte, e céu azul, a mais de 1.200 metros”. (Revista O Cruzeiro de 07 de maio
de 1960)
No momento da inauguração, a cidade não estava totalmente
concluída, mas já dispunha de condições mínimas para ser a sede do governo.
Ainda havia muito a ser feito, poucos prédios estavam prontos, mas o ato
marcou, simbolicamente, a transferência da capital.
Festas, com atividades para crianças e adultos, concerto de
música, show pirotécnico, prova automobilística, regata, parada militar com
desfile de candangos e máquinas, dentre outras comemorações, marcaram a
inauguração de Brasília. Das cerimônias, apenas uma foi restrita, em recinto
fechado, a inauguração do Tribunal Federal, as demais foram abertas ao público
que se aglomerava na cidade. (Jornal Folha de São Paulo de 23 de abril de 1960)
Muitas foram às pessoas de diversas partes do Brasil que
percorreram centenas de quilômetros, viajando em carros, caminhões ou ônibus,
para participarem das comemorações. Aviões fretados também traziam
parlamentares e suas famílias. Estima-se que mais de 200 mil pessoas
participaram das solenidades, muitas delas dormiram em barracas, ou amontoadas
em casas de conhecidos que trabalharam na construção. A Novacap chegou a distribuir 20 mil colchões
para que os moradores pudessem abrigar os visitantes. Dentre as pessoas que
compareceram aos festejos, se destacou o cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira,
único convidado do governo federal. (Jornal Folha de São Paulo de 21 de abril
de 1960)
O início das comemorações ocorreu por volta das 23 horas e
30 minutos do dia 20 de abril, com missa campal celebrada pelo cardeal
Cerejeira. O cardeal abençoou a cidade, que também recebeu mensagem, em
português, do papa João XXIII, por intermédio da rede brasileira de rádio. No
dia seguinte, mais comemorações, que se estenderam até o dia 23.
De acordo com Juscelino Kubitschek, a partir daquele
momento, “Brasília se tornava a Capital Federal da pátria brasileira, centro
das futuras decisões políticas, cidade da esperança, torre de comando da
batalha pelo aproveitamento do deserto interior”. (Jornal Folha de São Paulo de
22 de abril de 1960)
Brasília, que se tornara o centro do governo brasileiro,
causou surpresa nas pessoas que para lá rumaram, com o objetivo de acompanhar
aquele momento histórico. A cidade era realmente única, respirava ares de
modernidade, os brasileiros não estavam acostumados a ver edifícios tão
grandiosos e diferentes, alguns arredondados, com formas curvas e outros que
pareciam flutuar na água. A revista O Cruzeiro, em reportagem sobre as
comemorações afirmou que: “Quase ninguém acredita no que vê. Os edifícios quase
levitando, o ocaso reverberando nas paredes de vidro. No meio da confusão há
silêncio, há majestade, há qualquer coisa desabrochando com dignidade de rosa.
Brasília é o século XXI”. (Revista O Cruzeiro de 07 de maio de 1960)